É banda cover toda semana e aqueles que te fizeram comprar inúmeros discos de vinil e cd´s dificilmente dão as caras antes de rumar ladeira abaixo. Quem mora em Belo Horizonte e curte qualquer vertente do rock sabe o quanto dói ver tantos shows gringos rolando em outras capitais. Ficar de dedos cruzados torcendo para que um dia vago nas turnês que habitualmente passam pelo eixo Rio-Sampa, estratégicamente por Porto Alegre ou Curitiba que são próximas da Argentina, acabe contemplando os mineiros. Isso porquê muitos se vangloriam de BH ser a terceira maior capital da terra do pau-brasil, só que mesmo assim disputamos esses shows com Brasília, Recife, Manaus, Goiânia, Salvador e Vitória, sem desníveis de probabilidade.
Daí quando anunciam uma data em Belo Horizonte de qualquer show gringo é aquele esquema, ligações telefônicas para os amigos headbangers comprarem logo seus ingressos. É bom se precaver antes que as modernindades capitalistas das áreas vips, camarotes, e lotes de ingresso com preço progressivo terminem por cortar o barato da moçada. Sem contar com a malandragem dos cambistas e dos roqueiros por um dia. Resolvi escrever sobre este tema quando um amigo veio dizer que vai no Heaven and Hell de arquibancada, e que ao contrário do que eu pensei, não é pra poder ir também nos shows do Sepultura e do Angra que tocam juntos no mesmo mês.
Apesar de ter ido também ao show do Ozzy ano passado em São Paulo, meu amigo se conforma em mais uma vez ouvir o encontro das bruxas longe do palco. Não tenho mais a paciência dos bons tempos de mosh para pular e cantar sem realmente assistir aos espetáculos. Sendo assim sou obrigado a exporadicamente me render aos modismos da playboyzada vip para me satisfazer. No mesmo Chevrolet Hall em que se apresentarão Heaven and Hell, Sepultura e Angra, já fiquei na arquibancada no show dos Mutantes e do fundão da pista tentei ver o Jethro Tull, economia não compensatória, mas que fôra motivada pela proximidade das datas.
Quando meu amigo começou a arrumar novos argumentos, do tipo não é a formação original, eu o indaguei: “Convenhamos, qual banda você lembra de ter assistido em BH com a clássica formação original”? Ele respondeu Slayer, e ainda me jogou na cara que não fui, mesmo eu justificando que não tinha dinheiro à época. Defendi que Geezer Buttler e Tony Iommi merecem o investimento porquê são os criadores dos riff´s que nos ensinaram a bater cabeça, e que o Sepultura, seja lá como for, comemora 25 anos em 2009. Lembrei também que, entre outros, perdi shows como Ramones, Sepultura, Ratos de Porão e Megadeth em BH, além de AC/DC, Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers, Guns N´Roses e Nirvana em São Paulo. Mas retruquei causando inveja ao relembrar a ele que eu sim assisti às formações originais de Kiss, Angra, Green Day e Silverchair, além de clássicas do Metallica, Iron Maiden, Helloween, Motörhead e Scorpions.
Iron Maiden com público aparentemente menor que Creedence Clearwater Revisited e Deep Purple? Aí num dá nem pra usar aquele outro clichê local de que “BH precisa de novas casas de show”. Precisa sim, sem dúvidas, mas e o público, não precisa aprender a fazer por onde? Quem frequenta os shows de rock em BH habitualmente paga no mínimo dez pilas por show, pra ver o mesmo cover pela septuagésima oitava vez, mas não tiram os escorpião do bolso pra ver uma atração internacional que vem à nossa cidade a custos elevados.
Mas afinal, o que aconteceu com a capital brasuca do ‘rock pauleira’ nos anos 80? Os músicos de qualidade continuam nascendo em berço de horizonte explendido, mas onde estão os compositores? Daqui hoje só brotam interpretes? Não, não é bem por aí. Existem algumas bandas novas com som autoral de qualidade quae sera tamen. O estranho é que com toda a viabilidade que as ferramentas digitais proporcionam para novas bandas, o espaço para elas tocarem no rádio, na televisão, em festivais independentes ou mesmo abrindo shows de artistas do mainstrem, continua aquém do desejável.
BH vive novos tempos, a Cogumelo e a Galeria do Rock não são mais pontos de encontro certeiro dos headbangers. Afinal, hoje até a C&A vende camisa de banda, e poucas pessoas continuam comprando álbuns, já que podem baixá-los pela internet. Sendo assim nos resta fortalecer as casas de show de rock, os festivais independentes e os grandes eventos internacionais. BH tem que fazer esse mosh girar!!!
*meu amigo em questão é o Cadu Esteves, meu ex-companheiro de Megahertz – Fumec FM
sábado, 11 de abril de 2009
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